Tu podes fazer tudo. Podes, mas não deves. Há coisas que podes fazer, mas que te vão deixar triste. Há coisas que podes fazer e que te vão deixar descentrada, sem energia, infeliz, sorumbática, azeda, nervosa, expectante, maquiavélica. Podes fazer tanta coisa...A minha pergunta é: «Escolhes fazer isso? É a tua escolha?»
Uma coisa é poder fazer, outra coisa é escolher fazer. Tu podes fazer tudo o que está ao teu alcance e dos teus. Tudo. Mas nem tudo o que podes fazer te devolve o sentido do teu ser inteiro. Não estás inteira quando fazes certas coisas.
O homem utiliza a matéria para lhe devolver o eu. Por isso é tão importante escolher a partir do que tu és. Quando fazes algo que se coaduna com o que tu és, ou com o que anseias ser - porque o ser também se pode ir construindo através de acções que o devolvem inteiro -, ficas centrada, inteira, íntegra. Ficas tu em toda a tua plenitude.
Quando escolhes não fazer algo que podes fazer, mesmo perdendo bens materiais com isso, só porque isso não te devolve o teu eu, ficas mais inteira, mais forte e mais convicta. Logo a seguir podes notar que, por teres escolhido não fazer algo, terás a oportunidade de escolher fazer uma outra coisa que, essa sim, te devolve a tua identidade em toda a sua plenitude.
Esse é o descanso do céu. É quando nós descansamos. É quando paramos um pouco e percebemos que valeu a pena tanta aflição, tanto desespero para tentar levar a pessoa a voltar a pisar o seu próprio caminho. É nesta altura que poderemos ver mais uma alma a iluminar todos os cantos da terra.
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